As cadeias de proteína animal do Brasil destacam-se internacionalmente pelo seu potencial em termos de volume e competitividade. Ano a ano, o peixe de cultivo chama mais atenção de grandes players internacionais devido às suas características positivas, como propriedades nutricionais e baixo impacto ambiental. Dessa forma, assume papel relevante como fonte segura para garantir a alimentação da população mundial nos próximos anos. “Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização da Alimentação e Agricultura da ONU (FAO), em 2017 foram produzidas 80 milhões/t de peixes de cultivo em todo o mundo. O Brasil tem dimensões territoriais, água em quantidade, clima propício e produtores entusiasmados a participar mais ativamente do mercado global de peixes de cultivo, como a tilápia e o tambaqui”, explica Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR).
Essa potencialidade da Piscicultura brasileira atrai a atenção da Noruega, um dos maiores produtores mundiais de pescado, e foi o tema central do II Encontro Brasil-Noruega de Aquicultura, realizado em São Paulo, em novembro. Foi a segunda edição do evento, marcado pela apresentação de dados e experiência no mercado por empresários e especialistas da Noruega e do Brasil.
Os noruegueses trouxeram seus conhecimentos da atividade e mostraram o alto grau de desenvolvimento e tecnologia dos seus processos, os quais contribuem para a elevada produtividade e qualidade de sua produção. “Com mais esse encontro, fica cada vez mais claro que os noruegueses acompanham e têm interesse no nosso mercado, ainda carente de tecnologias que intensifiquem nosso negócio. Por outro lado, as empresas brasileiras estão dispostas a investir em inovação que garanta a profissionalização da Piscicultura”, analisa Francisco Medeiros.
A Innovation Norway, uma das idealizadoras do projeto e parceira da Peixe BR nesta iniciativa, oferece apoio às empresas nórdicas e mediou o contato entre as empresas dos dois países. Por meio de programas de financiamento oferecidos pela instituição e pelo governo norueguês, há acesso das organizações nacionais às tecnologias para aprimorar os processos produtivos, garantindo mais valor agregado ao peixe de cultivo brasileiro.
“Eu acredito que o encontro é importante porque está claro que o Brasil tem um potencial enorme para a piscicultura e a Noruega tem experiência com a atividade. Nós somos tecnologicamente avançados na área e o mercado norueguês está notando cada vez mais o Brasil como um mercado interessante no segmento”, pontua Nils Martin Gunneng, Embaixador da Noruega no Brasil.
Antonio Ramon Amaral, sócio-diretor do Grupo Ambar Amaral, presente na rodada de negócios, assinou durante o encontro contrato para o desenvolvimento de tecnologia para a tilápia. “Estive na Noruega em agosto visitando a indústria de pescado e fiquei animado em poder ter essa iniciativa aqui também. Como o forte deles é o salmão, fechamos um acordo para adaptar e aperfeiçoar esse conhecimento técnico para a criação de tilápia, que hoje representa 51,7% da produção brasileira de peixes cultivados. Os trabalhos iniciam-se em dezembro desse ano com prazo de encerramento em junho de 2020. A relação de ganha-ganha será fundamental para a melhoria da nossa competitividade e relacionamento com a Noruega”, explica Ramon.
“Assim como a Noruega, o Brasil também pode ser um dos grandes players mundiais de aquicultura. Ao promover esses encontros, conseguimos identificar nossas necessidades e que companhia tem as ferramentas certas para nos ajudar. Incentivar o trabalho das empresas brasileiras é um dos objetivos da Peixe BR para garantir rapidez e eficácia na transformação da atividade”, ressalta Francisco Medeiros, reforçando que o investimento em processamento de peixe de cultivo será de extrema importância para, a médio prazo, ter abertura de mercados internacionais para os nossos produtos.